A pergunta que não cala em mim, é a mesma toda manhã.
Toca o despertador pra mim trabalhar e eu sempre penso...
Quando minha vida vai começar?
Porque o modelo ideal que me apresentaram é bem surreal.
Digno de propaganda de margarina. Aquelas que você assiste e conclui:Isso que é vida!
Café-da-manhã gostoso, dona-de-casa gostosa, criançada sorridente e maridão passando a manteiga.
E você automaticamente se coloca na posição de quem vive uma pré-vida.
Estudando, trabalhando, pra algum dia ser alguém.
Adiando a vida. Deixando pra depois. Pra ser, só quando crescer.
E isso eu não entendo.
Não entendo porque todo mundo prefere viver assim, de sonhos.
Talvez porque é muito chato realizar. A realização é sem graça e a sensação de tarefa cumprida, não emociona.
Quando o sonho acontece, ele nem é mais sonho.
Porém viver deles é apenas uma parte do problema.
A outra, é sonhar diferente de todos.
Eu nunca entendia porque me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse.
Como assim? replicava eu. Aí vinham os exemplos ( dentista, advogada, engenheira..) e com eles minha vergonha de responder.
Em pensamentos eu respondia: escritora. Em palavras eu respondia: Dentista.
Os olhos familiares pestanejavam aliviados quando ouviam minha sensata escolha.
Ufa! mais uma pessoa normal na família.
Ate meu primo decidir jogar no outro time e acabar com essa normalidade.
É feio fugir do padrão.
Da beleza enquadrada.
Das histórias de amor.
Das casas grandes com cachorros grandes.
De querer ser mãe.
De querer sucesso e dinheiro.
É mais feio ainda, não ter sonho algum.
Querer viver o hoje, simplesmente porque a vida já tá rolando...
É muito chato ter que desiludir. Ter que fazer o trabalho sujo de falar isso.
De falar que a vida é isso mesmo. Que enquanto você me lê, ela acontece.
Sem sinos tocando, sem estrelas brilhando, sem trilha sonora.
E é melhor acreditar, cair na real. Aceitar e viver.
Antes que a terra faça uso da fertilidade quem tem essa sua mente, cheia de sonhos.
Kamila V.
Um comentário:
ou a gente vive esperando.
bacana!
Beijo!
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