Meno lixo, menos mentira, menos sonho.
Menos bajulação, menos política, menos sono.
Menos computador, menos tilenol, menos aula faixa.
Menos nós dois, menos congestionamento, menos nota baixa.
Menos gordura localizada, menos ócio, menos roupa-suja.
Menos ladeira, menos encenação, menos promessas.
Menos suor, menos créu, menos cuidado.
Menos ciúme, menos febre, menos desconfiança.
Menos chiclete na sola, menos consumo, menos peso.
Menos religião, menos trabalho, menos distância.
Menos saudade, menos exposição, menos recados.
Menos incerteza, menos infidelidade, menos horário-marcado.
Bem menos do que é muito, porque o excesso sempre sobra.
E a gente fica sem saber o que fazer com essas coisas todas a mais.
De repente não tem mais lugar pro lixo no aterro.
Nem fôlego pra subir a ladeira.
Nem lugar pra saudade no coração.
Nem ouvidos pro créu. Nem roupa nova pro peso novo.
Nem paciência pra político na televisão.
E não se tem mais tempo, nem mais espaço.
O ambiente torna-se pequeno e o excesso amontoado.
Assim com ônibus das seis.
Assim como o mundo pra nós.
Kamila V.